Um pontinho verde cheio de vida brota em plena região central de Curitiba. No bairro Prado Velho, uma horta comunitária orgânica criada e cultivada apenas por mulheres gera alimentação saudável, conecta histórias e resgata memórias afetivas.
A horta surgiu há quase três anos dentro de um terreno particular por iniciativa de mulheres da Associação Santa Luísa de Marillac, ligada à Paróquia São João Batista. O proprietário cedeu espaço para a associação e a Secretaria Municipal de Segurança Alimentar e Nutricional da Prefeitura de Curitiba fornece insumos e assistência técnica.
No espaço de 300 metros quadrados, 18 mulheres, a maioria moradora da Vila Torres, plantam, cultivam e colhem cerca de 80 espécies de alimentos.
Entre clássicos da horticultura, como alface, cenoura, beterraba e couve, estão também as “queridinhas” do momento: as Plantas Alimentícias Não Convencionais (Pancs). Ervas medicinais também têm um canto dentro da horta.
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Oásis de alimento em Curitiba
“Ali é mentruz, a outra com flor é a capuchinha, são Pancs que nasceram sozinhas. Tem também alfazema, hortelã e temperos”, mostra Inês Buratto, vice-presidente da associação que coordena o grupo e as tarefas das mulheres na horta.
Desde a limpeza do terreno, preparo dos canteiros, plantio e cuidados com a terra todos os trabalhos são feitos pelo grupo de mulheres. Antes de virar o pequeno oásis de alimento, o terreno tinha entulhos e lixo.
“Aqui é nosso quintal, ajudo a cuidar com carinho e com gosto”, diz Eva Aparecida Dantas, vizinha da horta e integrante do grupo de agricultoras urbanas.
A produção colhida é dividida entre as 18 mulheres e também distribuída entre famílias carentes da região, atendidas pela Associação Santa Luísa de Marillac. O que sobra é vendido ali mesmo e o dinheiro é usado para pagar a conta de água e outros insumos.
“Elas usam o dinheiro para comprar mudas de espécies que não temos, ferramentas e outras coisas necessárias para a horta”, diz Fabiana Hammerschmidt Marcondes, chefe do Núcleo Regional de Segurança Alimentar e Nutricional da Regional Matriz.
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A horta revelou um universo de novos sabores e de possibilidades para muitas mulheres. Aline da Silva nunca tinha experimentado alho-poró. “Só conhecia alface e gostei muito do alho-poró. Hoje faço torta, refogo com arroz e fica muito bom.”
Para Diva Ribeiro dos Santos, o trabalho na horta comunitária cultiva suas memorias de infância e juventude, quando morava no interior do Paraná e trabalhava na lavoura. “Quando coloco as mãos na terra eu me vejo lá atrás, na roça onde cresci e isso me deixa feliz.”